quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Era uma vez o fim


Se eu soubesse que seria tão fácil assim eu já tinha abandonado há tanto tempo... Mas é esse meu problema, essa dependência das pessoas que existe só enquanto elas me pertencem, ou fingem pertencer. É uma coisa tão forte que eu não consigo largar por mim mesma. Eu tento, eu brigo, eu sou chata, faço de tudo pra ser mandada embora da vida de alguém ou até me despeço por vontade própria, mas acabo sempre voltando... Enquanto não encontro um motivo realmente significante para o fim eu não desisto. Porque o que dói para mim não é estar sem alguém, o que dói para mim é o fim, eu tenho pavor dessa palavra. O momento de dizer que acabou, o ponto final de uma história -seja ela longa ou não-, o último beijo, a última despedida, qualquer coisa que seja pela última vez me deixa mal, eu tenho remorso de não poder reviver uma situação, não poder reviver uma pessoa... Isso tudo me deixa com medo de seguir em frente. Mas querendo ou não, eu tenho que seguir, é a lei da vida... Então eu sigo e no dia seguite já começo a perceber que aquilo que eu sustentei e aceitei por tanto tempo não é tudo que eu precisava para viver. Ou melhor, para viver eu precisava largar tudo aquilo, todas as preocupações, todas as frustrações e decepções vividas. E eu recomeço vivendo do zero, em busca de uma nova experiencia que provavelmente enquanto eu vive-la não consiguirei larga-la. Eu vou precisar ser largada, talvez vou precisar de um motivo grande o suficiente para me fazer largar, até que eu me encontrarei de novo percebendo que eu sobrevivi, que o que me parecia ser tudo se tornou quase nada, ficou só aquela lembrança no fundo, aquela saudadezinha de uma coisa que acabou, que chegou no tal fim que dói tanto. Mas eu tenho aprendido que o "era uma vez" sempre ameniza essa dor. E um dia você vai passar por alguém que foi importante, por um lugar que marcou, ou ouvir uma música que tocou e vai lembrar de que aquilo já te pertenceu, já te foi importante, mas hoje é só mais um. Mais alguém, mais um lugar, mais uma música, mais uma história, mais um fim que te fez chorar e foi seguido de um "era uma vez" que te fez sorrir. A moral disso tudo, é que um dia você há de encontrar o "felizes para sempre" que será vivido intensamente sem medo do fim e sem vontade de um novo "era uma vez".
Bruna Coutinho

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